Uma das grandes dificuldades de sair da escassez é ficar agarrado ao sentimento de FALTA causado pelos nossos pais. Culpamos os nossos pais por algo que aconteceu no passado e que não queríamos que tivesse acontecido ou culpamos por algo que não aconteceu e que queríamos que tivesse acontecido. E com isso, nos “apegamos” a ESCASSEZ, a falta de algo. E, esses sentimentos desdobrados são carregados até hoje.

“Explica a grande fúria do mundo”
(Pai e Filhos – Legião Urbana)

Quanto mais emitimos a escassez para o universo, mais recebemos escassez. Culpamos alguém pelas coisas ruins do passado e ficamos com raiva por ter faltado algo. E aí que o bicho pega porque o círculo vicioso está estabelecido. Se eu culpo minha mãe ou pai ou os dois por algo que faltou eu entrego cada vez menos amor para eles. A relação fica abalada e cada vez mais tenho dificuldade de criar laços amorosos com os meus pais e com outras pessoas. Não quero compartilhar minha vitórias com eles, não quero dividir nada com eles e vou me afastando, mesmo que eu esteja ao lado deles, diariamente.

“Quero colo, vou fugir de casa”
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo, tive um pesadelo”

Queremos fugir da nossa própria casa, da nossa própria morada, do nosso porto seguro. Achamos que “não precisamos mais” dos nossos pais, que somos adultos e grandinhos o suficiente para buscar as nossas próprias conquistas. Por um lado, coragem e movimento são essenciais. Porém, enquanto não resolvermos a treta com os nossos pais, a vida vai mostrando mais dificuldades e enigmas que precisam ser olhados para que possamos prosperar. Os pesadelos e medos são professores para desvendar os mistérios da escuridão desse passado.

“Eu moro na rua, não tenho ninguém”

Tendemos a acreditar que estamos sozinhos na caminhada da vida. E, é claro que de uma certa forma é verdade. Mas antes de caminhar sozinho, com leveza, é preciso quitar a “dívida” dos nossos pais que anotamos no nosso caderninho de rancor. É preciso sair do vitimismo da escassez e parar de apontar os dedos. Enquanto não saírmos desse círculo vicioso de lamentações, nada de novo vai acontecer.

“Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais”

É necessário começar a entender que o que recebemos dos nossos pais foi o SUFICIENTE. Nossos pais deram o que eles conseguiram com a consciência que eles tinham naquele momento. Eles não podiam fazer mais. Se você ainda acha que os seus pais não fizeram nada de bom, pelo menos uma coisa foi especial: você está aqui hoje. A sua vida é o bem mais precioso que você ganhou. Você consegue enxergar o sagrado disso?

“Você culpa seus pais por tudo
Isso é um absurdo!
São crianças como você
O que você vai ser quando você crescer?”
(Pais e Filhos – Legião Urbana)